As mudanças climáticas decorrentes, em grande parte, do uso desenfreado de combustíveis fósseis, associadas à crescente preocupação com a preservação do meio ambiente, têm impulsionado as pesquisas sobre o uso de recursos renováveis e alternativos de energia.
Sabe-se que a possibilidade de utilizar fontes como a biomassa, marés e força dos ventos para produção de energia já é conhecida há mais de 100 anos, assim como as primeiras jazidas de petróleo encontradas no mundo.
No entanto, apenas em 1973, com a primeira crise do petróleo, o interesse por esses recursos foi despertado. A necessidade de rompimento da dependência do petróleo importado só foi percebida após a drástica elevação de seus custos, que na época, passaram de US$ 3 para US$ 12 o preço do barril, representando um verdadeiro marco na história energética do planeta.
Com o intuito de utilizar fontes alternativas para produção de energia, foi implantado o Programa Nacional do Álcool, Pro - Álcool em 1975 para abastecer com etanol veículos movidos à gasolina. Tinha como principal objetivo garantir o suprimento de combustível para o país e encorajar o desenvolvimento tecnológico da indústria da cana-de-açúcar e do álcool.
Posteriormente, com a crise de 1979 (US$ 36 o preço do barril), foram aprovados outros programas de substituição de derivados do petróleo, dentre eles, o Pro - Óleo, que nunca chegou a ser implantado.
Neste mesmo ano, Expedito Parente anunciou o desenvolvimento do Prodiesel, um substituto vegetal para o óleo diesel mineral que rendeu a primeira patente de biodiesel e de querosene vegetal de aviação no Brasil.
No entanto, a partir de 1986, o preço do petróleo voltou a cair significativamente, ocasionando um desinteresse por parte do governo em continuar investindo em tais programas. Pressões internacionais também contribuíram para a paralisação dos mesmos.
Apesar do fim do Pro-Álcool, muitas metas, mesmo que bastante ambiciosas, foram atingidas e superadas. Além disso, atualmente, o álcool voltou a ser o principal combustível da matriz energética do país, demonstrando, sobretudo, o valor das potencialidades da biomassa no Brasil. Sem deixar de considerar, é claro, o crescimento progressivo e exacerbado do preço do petróleo, que já atinge US$ 125 o barril.
Em dezembro de 2004 foi criado o “Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel” (PNPB) objetivando a implementação de forma sustentável, tanto técnica, quanto econômica, da produção e uso de biodiesel, com um enfoque muito maior à inclusão social.
Seguindo este programa, no início deste ano passou a ser obrigatória a adição de 2 % de biodiesel ao óleo diesel (chamado de B2) e a partir deste mês as frotas movidas a óleo diesel passaram a utilizar uma mistura de 3 % de biodiesel (B3). O uso do B5 será obrigatório somente a partir de 2013.
As motivações para a produção de biodiesel são inúmeras. No âmbito social, os benefícios são a fixação do homem no campo, geração de novos empregos diretos e indiretos, inclusão social e desenvolvimento regional. Implicando em dizer que a produção e consumo de biodiesel devem ser promovidos de forma descentralizada e não-excludente em termos de rotas tecnológicas e matérias-primas utilizadas.
Além disso, mesmo o Brasil tendo alcançado sua auto-suficiência em petróleo, o óleo diesel continua sendo importado, já que o óleo extraído das profundezas marítimas da costa brasileira tem qualidade inadequada para sua produção. Na maior parte das jazidas, o petróleo é do tipo pesado, caracterizado por ainda não ter completado seu ciclo de maturação.
Auto-suficiente ou não, devemos lembrar que a “Era da Pedra” não acabou por falta de pedras. Então, por que esperarmos pelo fim das reservas petrolíferas para evoluirmos?
Letícia Ledo Marciniuk
Doutoranda em Engenharia Química
e-mail: llmarciniuk@gmail.com
terça-feira, 29 de julho de 2008
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