quarta-feira, 8 de outubro de 2008

A influência da pesquisa na produção do biodiesel

O acelerado aumento da popularidade do biodiesel vem despertando o interesse de diversos ramos da indústria química e automobilística, assim como pequenos produtores de oleaginosas e um renomado conjunto de universidades, cientistas e pesquisadores.
Em todos os parâmetros envolvidos no processo de obtenção desse biocombustível, desde a escolha de sua matéria prima até a distribuição do produto nos postos de abastecimento existem lacunas que ainda precisam ser melhor consolidadas.
Revela-se assim, a grande importância da pesquisa, presente em todos as vertentes desse processo. Como exemplo, posso citar minha própria tese de doutorado, que analisa a reação de transesterificação para produção do biodiesel. Como sabemos, trata-se de uma reação entre um óleo vegetal (ou gordura) e um álcool. No entanto, para que esta reação se proceda é necessária a presença de um catalisador, ou seja, um agente acelerador que pode ser recuperado no final da reação, podendo ser um ácido ou uma base.
Os processos convencionais, utilizados atualmente por todas as indústrias produtoras de biodiesel, levam a aplicação de catalisadores básicos (catálise básica) como o hidróxido de sódio, conhecido popularmente como “soda cáustica”.
Estes catalisadores são mais facilmente manipuláveis e menos corrosivos às instalações industriais do que os catalisadores ácidos. Além disso, proporcionam um elevado rendimento sob condições reacionais mais brandas. Porém, a formação de sabão no meio reacional – processo conhecido há anos por muitas pessoas – pode tornar-se uma indesejável reação paralela.
Agora você deve estar se perguntando: e o que isso tem a ver com o biodiesel? Se lembrarmos de como são feitos os sabões caseiros, entenderemos toda essa relação: uma mistura de óleo vegetal ou gordura animal, água e soda cáustica; muito próximo daquilo que ocorre durante a transesterificação, principalmente se o álcool utilizado conter pequenas quantidades de água.
Isso leva não só a uma perda do rendimento da reação como a uma drástica elevação dos custos operacionais. Assim, o fator limitante passa a ser a purificação do biodiesel no final do processo e não a sua própria produção em si.
A solução seria o uso de um outro tipo de catalisador, que não levasse a formação desses sabões, pudesse ser facilmente retirado após o processo, favorecesse a separação da glicerina e não levasse a problemas de contaminação do biodiesel formado. Na verdade, isso já é altamente possível com o uso da catálise heterogênea, que neste caso é representada pela adição de um sólido que não se mistura com os demais reagentes e pode ser simplesmente filtrado após a reação. Isso demonstra a grande importância da pesquisa, que com seus mais variados tipos de estudos têm visado à incorporação definitiva do biodiesel na matriz energética de nosso país de uma maneira mais simples, barata e bem estruturada. (LETÍCIA MARCINIUK)

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