quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Queda na produção vai ser maior que estimativas

Os profissionais da área agronômica estão mudando de idéia quanto à previsão de queda na safra de soja e milho. As razões estão no rendimento das lavouras semeadas mais tarde, que não estão atingindo as expectativas alimentadas no início da colheita.
De acordo com José Carlos Braciforte, presidente da Associação dos Engenheiros Agrônomos do Vale do Piquiri (AEAVP), na área de abrangência da associação a colheita está em aproximadamente sessenta por cento. “Considerando especificamente o município de Ubiratã, em cerca de setenta por cento da área plantada com soja a colheita já foi realizada”, afirmou. A surpresa desagradável é que a produção alcançada é inferior às estimativas da classe feitas em janeiro, quando técnicos de cooperativas, Emater e demais empresas do ramo calculavam que as perdas de produção, em função da estiagem registrada em novembro e dezembro, deveriam ser de trinta a trinta e cinco por cento. “Com o desenvolvimento da colheita nota-se que as perdas foram maiores ainda”, assegura Braciforte. Segundo ele, no momento a classe estima que as perdas podem chegar a quarenta e cinco por cento em relação a um ano normal. “É uma perda significativa, próximo da metade do que normalmente é colhido”, observa o engenheiro agrônomo, que atenta para o fato que este percentual é na média geral, uma vez que há produtores registrando prejuízos ainda mais significativos.
No município de Ubiratã há localidades que estão registrando produtividade um pouco diferenciada. O motivo desta diferença seria a precipitação de alguma chuva a mais, como é o caso da região que abrange as comunidades Jandaia e Pé de Galinha, onde há produtores alcançando mais de 120 sacas de soja por alqueire. As perdas, segundo Braciforte, inicialmente vão refletir no bolso do produtor e em seguida nas cooperativas e empresas do agronegócio, posteriormente chegando ao comércio. “É uma situação bastante grave para toda região do médio Vale do Piquiri”, enfatizou Braciforte.
Um fator estava ajudando os agricultores que tiveram perdas: o preço da soja conseguiu chegar a patamares mais elevados. O presidente da AEAVP avaliou que esta compensação beneficiou aqueles que colheram mais no início, quando a saca do produto chegou a valer R$ 48,50. Mas os preços caíram dia-a-dia nesta semana e há expectativas de cair ainda mais. A soja fechou a semana passada cotada a R$ 43,20. Segundo Braciforte o produtor preferia vender a um preço razoável produzindo normalmente a vender mais caro com a produção em queda como a que está sendo registrada.As expectativas agora se voltam para a produção do milho de segunda safra, que na área de abrangência da AEAVP deve ocupar 70% da área que foi cultivada com soja, sendo que no município de Ubiratã este percentual deve chegar a 90%. “Torcemos para que o milho que o produtor está plantando logo após a colheita da soja se desenvolva bem e tenha uma boa produtividade”, comentou. A situação leva os agricultores até a usar um trocadilho para manifestar as esperanças que o milho de segunda safra recupere o que foi perdido com a soja. “Alguns chegam a dizer assim: já que se colheu uma safrinha de soja vamos ver se colhemos uma safrona de milho”. Braciforte observa que esta esperança do agricultor bem reflete o seu comportamento e perfil humano. “É a esperança do agricultor que nunca morre, ele sempre é um batalhador, um lutador. Ele faz aquilo que sabe fazer, dentro das técnicas recomendas, mas infelizmente faltou a chuva, faltou tudo”, observa o engenheiro agrônomo. (FOTO: ODAIR ROBERTO / O VALE)

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