O Gilberto Monteiro é uma figura pouco disfarçável. A começar pela estatura. E também pela espontaneidade. Um grande companheiro de trabalho, sem dúvida. E foi bem ele que se achegou a mim, durante uma sessão ordinária da Câmara de Vereadores de Ubiratã, e em cochichos (para não atrapalhar o ambiente) me adiantou um assunto a ser tratado em seu programa de rádio, no dia seguinte.
Depois da sessão trocamos umas idéias, agora em voz normal. E no dia seguinte as “bordoadas” dele foram espalhadas. Não sem um fardo de razões. E no embalo do assunto lá vou eu também distribuir minhas “bordoadas”. Tomara que isto não venha a ser motivo para que eu leve outras, no sentido real.
O assunto é sério. São 72 candidatos que estão se apresentando aos eleitores de Ubiratã para ocupar as nove cadeiras da Câmara Municipal, oito para cada vaga. A quantidade em si já nos parece exorbitante, mas é o preço da democracia. Ninguém tem poder para impedir a livre participação dos candidatos, uma vez que estes estejam em conformidade com as regras vigentes da Legislação Eleitoral.
O que nos intriga primeiramente é observar que, resguardadas algumas exceções, os candidatos a vereador não devem estar sabendo bem como funciona o Legislativo ubiratanense. Como, pois, um cidadão ou cidadã se prontificar a ser vereador ou vereadora se nunca bota a cara dentro daquele parlamento? Ficamos a nos perguntar: o que realmente sabem os candidatos sobre a função a que estão se candidatando? Pior ainda: será que sabem quais são as reais funções de um legislador?
“De boa vontade o inferno está cheio”, reza um dito popular. Queremos ser respeitosos o quanto nos é devido para com os propósitos pessoais de cada candidato. Nem estamos a duvidar que possam fazer algo proveitoso, uma vez assumindo o cargo. Mas também temos motivos de sobra para questionar. É o peso da democracia.
Afinal, ser legislador municipal não é uma tarefa qualquer. E nem tarefa para qualquer um. É tarefa para pessoa de integridade, seriedade, discernimento, coragem. Já amargamos muitas tristezas devido à corrupção que tem comprometido a imagem de muitos políticos, enquanto os eleitores ficam em situações de ruína. Temos também exemplos mais que dignos de políticos que administram com sabedoria, transparência e austeridade.
Mas confiar uma cadeira do Legislativo a quem nem demonstra o mínimo de interesse em conhecer como funciona aquela Casa ser-nos-ia assinar nosso atestado de burrice. Entregar a função de legislador a quem exala por si só o despreparo para tal tarefa é desperdiçar oportunidade de sanear a política ainda grudada a velhas jogadas paternalista onde o vereador existe para pagar contas de água, luz, exames, dentaduras, combustível e coisas assim. A verdadeira função do legislador - que é legislar e fiscalizar os atos do Executivo - é entregue a aventureiros que perpetuarão os desmandos da política.Sem desmerecer a quem quer que seja, julgo que cada candidato deve fazer exame de consciência em cada dia, avaliar com seriedade suas reais potencialidades para a função a que se está dispondo. E na eventual descoberta de que não tem real preparo para ser o legislador ideal do município, que ao menos tenha a integridade moral para renunciar à candidatura, em favor de quem realmente possa ter o mínimo de potencial. (Odair Roberto)
terça-feira, 2 de setembro de 2008
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