terça-feira, 8 de julho de 2008

A cidade mais próxima da gente

"Para mim sair do bairro e procurar o posto central era complicado porque tenho três crianças. Com o posto aqui no bairro será mais fácil para todos."
Irene Martins, moradora da Vila Esperança

Eu sou fissurado pelo Programa Saúde da Família - PSF. É aquele que determina que uma equipe multidisciplinar, liderada por um médico - o Médico da Família - visite e assista as pessoas preventivamente, antes que elas fiquem doentes. Se adoecidas, que recebam todo o atendimento possível na sua própria residência. Ubiratã acaba de receber a quinta unidade do PSF. Estrategicamente o município foi dividido em cinco partes para a instalação do Programa. A Unidade de PSF por último inaugurada foi o da Vila Esperança, cuja área de abrangência vai até o Distrito de Yolanda. Reciclou-se o prédio de uma desativada escola, que foi transformado num posto de saúde, e nele, além de procedimentos de enfermagem, o secretário da Saúde estima que serão feitas mais de cem consultas semanais.
Que pena para mim! Não consegui comparecer à inauguração. Gostaria de estar ali para testemunhar a felicidade das pessoas com a conquista. Em especial ver o sorriso franco da líder comunitária e presidente da Associação dos Moradores, a guerreira dona Maria Augusta.
Ubiratã, cidade planejada, tem essa particularidade que me agrada. É possível ir colocando os equipamentos e serviços públicos perto do povo. As escolas, as creches, os postos de saúde, as quadras de esporte, as praças e tudo o mais. Como bem diz o prefeito: "Os moradores e sua cidade ficam mais próximos." E não é esse o desejo de todo cidadão? Facilidade para viver e conviver no tempo que nos é reservado nesse espaço de todos nós, a cidade de Ubiratã.
Não vejo, entretanto, só o lado social e humano do prédio inaugurado e no programa instalado. Vejo também nele acontecer o desenvolvimento econômico da cidade. Econômico? Claro, com o Programa a cidade não está também gerando novos pontos de trabalho e absorvendo a mão-de-obra de inúmeros profissionais, entre eles a do médico Gustavo Gonçales? Mas...quem é esse dr. Gustavo?
Eu já escrevi antes que me preocupo sobremaneira com o destino dos filhos de Ubiratã que daqui saem para estudar em faculdades de outros lugares. Formados, será que voltarão para a terra? Nem sempre, principalmente porque ela não oferta espaço suficiente para eles aqui viverem e fazerem sua carreira profissional. Vão buscar o sucesso em outras paragens, às vezes longe dos pais, de todos nós, seus "tios" e "tias" saudosos. O dr. Gustavo, por exemplo, tem profundas raízes fincadas em nossa roxa terra. É filho do advogado Antônio Gonçales, o Cuca, e de dona Fátima, que, por sua vez, são filhos: ele, do Pedro (o traquina Pedro sapateiro) e Antônia Lourdes Gonçales. Ela, dos portugueses Manoel e Deonildes Cardoso. Os avós já nos deixaram, moram ao lado de Deus. As avós, meigas e queridas, estão firmes entre nós.
Mas, pode você me indagar, por que essa apresentação de árvore genealógica? Porque quem conhece a história de Ubiratã sabe da importância das famílias Gonçales e Cardoso na construção de Ubiratã. Aqui chegaram nos idos de 1 959, cinco anos após começar a colonização da Sinop Terras, quando praticamente a totalidade de nossos atuais governantes nem era nascida. A mata das madeiras duras ainda estava em pé. Trabalharam muito para o seu e para o progresso da coletividade como hábeis comerciante e cidadãos idealistas. Foram, maridos e esposas, filhos também, verdadeiros agentes de mudança e transformação.

À semelhança do dr. Gustavo, já ouvi falar da boa fama de muitos outros profissionais crioulos, das mais diversas classificações profissionais, que foram buscar o estudo de 3º grau fora e voltaram. Convivem de novo conosco, trabalham entre nós e brilham. Tenho certeza, seria mais desconfortável eles fazerem carreira profissional em outras localidades desse brasilzão de meu Deus. Para eles, para seus pais, avós, parentes e amigos. Para Ubiratã também. É melhor para todos eles estarem aqui.
Não podemos ter dúvida. Com esse desenvolvimento sócio-econômico que Ubiratã tem ganhado, fica mais fácil para todos nós. Viver nela. A cidade, com todos os seus benefícios e oportunidades, fica mais próxima da gente.
* ex-prefeito de Ubiratã

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