terça-feira, 3 de junho de 2008

A Ponte e a Estrada

"Vocês pensam que Ubiratã é a capital do mundo? Tendo dinheiro
na mão, eu faço a estrada por qualquer lugar!" ex-governador do Paraná, Haroldo Leon Peres


Para Ubiratã não ficar à margem do desenvolvimento, elas foram fundamentais. Refiro-me à ponte, com 284 metros, construída em 1 966 sobre o rio Piquiri. Também classifico a pavimentação asfáltica do trecho da Rodovia BR 369 entre Campo Mourão e Cascavel. Vale dizer, entretanto, que semelhantes conquistas não caem do céu (embora ele dê indispensável mãozinha!), nem nascem prontas. Têm que serem sonhadas, pensadas, planejadas e, muitas vezes, "trabalhadas" pelos interessados.

É o caso da ponte. Para conquistá-la o acaso (acaso?...) ajudou e foi necessário utilizar-se de alguns artifícios maliciosos de convencimento. O povo ubiratanense, motivado por espertos agentes da Sinop, a nossa empresa colonizadora, foi o protagonista do estratagema. Contam que os engenheiros do Estado, encarregados de fazer a locação de uma ponte sobre o rio Piquiri, sem mais aquela (olha o acaso operando!...), apareceram um certo dia no escritório da Sinop, em Ubiratã. Queriam saber o melhor caminho para chegarem à barra do rio Goioerê. Foi quando esse fantástico ubiratanense honorário, o Vilder Bordin, recebeu da Sinop a missão de convencer os engenheiros para locarem a construção da ponte em Ubiratã. Os engenheiros passaram a ser tratados como visitantes ilustres, com banquetes e festas. Até um baile foi organizado, regado à champanhe de graça. Os moradores emprestaram roupas apropriadas para os engenheiros. Quando foram embora, levaram uma ótima impressão de Ubiratã e da hospitalidade de sua gente.

Não mais de trinta dias depois, as obras de construção da ponte estavam sendo começadas, no Porto 0, em Ubiratã. Inclusive tendo sido reformada em 1 993 e em 2 005, já sob a concessão da Viapar, que aumentou seu comprimento e largura.

E a estrada? O traçado original da rodovia BR 369, entre Campo Mourão e Cascavel, era via Goioerê. Foi quando, no começo dos anos 70, sob a presidência do dr. Rodrigues, o Lions Clube de Ubiratã encetou forte campanha para a pavimentação asfáltica e para o traçado passar por Ubiratã. Os "leões e domadoras" de Ubiratã buscaram apoio dos clubes de Lions de Corbélia, Cascavel e Campo Mourão. Coincidência (coincidência???), o chefe do Distrito Rodoviário do DER, de Campo Mourão, dr. Aramis Meyer Costa, era "leão de juba longa", chegando a ser eleito governador do Distrito L-21. Ele foi o escolhido, claro!, para ser o coordenador-central da campanha. A Sinop, como sempre, participou ativamente, trazendo apoio de destacadas autoridades. A Folha de Londrina, através de seu presidente João Milanez, entrou de cabeça na luta e foi aliado estratégico. Exemplares do jornal que noticiavam a reivindicação eram colocados na mesa do café-da-manhã ou na poltrona do avião das pessoas que poderiam decidir o trajeto e pavimentação. Onde estivesse na região o então ministro do Transporte, Mário Andreaza, o governador Leon Peres ou outra autoridade ligada ao assunto, a comissão da campanha também se fazia presente, reivindicando. Foi numa dessas oportunidades que o ex-governador Leon Peres, arrogantemente, disse as bobagens que encimam esse artigo.

O destemor e sagacidade da Sinop foram acionados mais uma vez. Quando da oportunidade de uma pesquisa para saber o volume de tráfego na estrada em que se pretendia o desvio e o asfaltamento, não teve dúvida. Colocou todos seus veículos, alugou táxis e mobilizou a população ubiratanense para passar com seus carros, indo e voltando várias vezes, no ponto de contagem para "engordar" o resultado. Em 1 977, 27 de maio, o ex-presidente Ernesto Geisel inaugurou a pavimentação asfáltica do trecho Campo Mourão-Cascavel da Rodovia BR 369. Passando por Ubiratã.

É! ex-governador Leon Peres. Para os ubiratanenses Ubiratã é mesmo a capital do Mundo! Aliás, capital do mundo é a cidade onde a pessoa mora. Quem não entender assim, não está apto a ser governador de Estado. O escritor russo Leon Tolstói um dia escreveu: "Se queres ser universal, canta a tua aldeia."
É assim, com a conquista da ponte e da estrada, e tantas outras lutas e vitórias, que o nosso povo está escrevendo a história de uma Ubiratã grande, que precisa ser continuada.

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