segunda-feira, 2 de março de 2009

CARNAVAL DA PROFANAÇÃO

Foi-se, enfim o período de carnaval. Se para muitos foi tempo de alegria e para outros foi de descanso, para muitos com certeza foi de um verdadeiro envenenamento visual, com o excesso de propaganda dos desfiles. Os telejornais nos bombardearam com informações de todos os tipos. E foi justo uma delas que me fez questionar o que vi. Algo aqui da nossa própria região. Em frente À catedral de Cascavel, um show do tipo “carnaval santo”.
A primeira pergunta que me vem à cabeça é: será que existe carnaval santo? Ou é a utilização de algo mundano para profanar a santidade de Cristo? Não questiono a boa vontade de quem lá esteve e fez uso dos recursos disponíveis, acreditando que estava a louvar a Deus com músicas agitadas, muita movimentação no corpo e gestos sincronizados, meio parecendo um bando de bobinhos que seguiam à risca as orientações dos instrutores. Houve inclusive uma meninota, lá de uns 15 ou 16 anos, talvez menos, que atribui ao fogo do Espírito Santo o calor que sentia em seu corpo, originado da agitação por acompanhar as músicas. De conteúdo religioso, as melodias às vezes davam entonação de um verdadeiro baile profano, com fumacinha no ar, som estridente em alguns casos e gente pulando no palco como se estivesse encapetado.
As vantagens do evento foram apresentadas como sendo uma oportunidade para que as pessoas pudessem se divertir cantando e dançando ao som de músicas religiosas e sem bebedeiras. Mas achei por demais curioso que lá no meio uma outra jovem se esbaldava em alegrias, exibindo sem nenhum constrangimento em sua cabeça aquele adereço medíocre que muitos adquirem em locais de festas, sendo um par de chifres que reluzem de diferentes cores. Para mim foi o cúmulo da ignorância. Carnaval com Cristo e chifres do capeta a enfeitar a cabeça?
E depois podem até me chamar de louco pelas minhas opiniões conservadoras a respeito do assunto. Sei que muita gente gosta deste tipo de diversão e até fui de defender esta profanação coletiva. Acho que me safei em tempo. Não que seja santo ou esteja perto de tal ponto. Mas entendo bem diferente esta história. Fazer carnaval com músicas sacras não me parece em nada uma maneira de louvar a Deus. A culpa por esses abusos recai sobre lideranças religiosas e leigas que se acovardam diante da opinião pública. Em vez de defender a integridade das coisas santas, vão-se a embrulhar tudo como se fosse um bom alimento para o estomago tanto a carne bem assada quanto o estrume de um animal. Que me perdoem a expressão, mas misturar carnaval com religião para mim tem esta aparência. “Dê a Deus o que é de Deus e a César o que é de César”, foi a recomendação de Cristo. Se o carnaval é festa da carne, faça-a à moda. Querer que uma festa profana das mais pecaminosas seja utilizada como meio de evangelização é entrar no jogo sujo do tentador.
Quem quer aproveita o carnaval para evangelizar, ensine conforme a tradição. Em vez do barulho e agitação, aproveite a ocasião para o encontro mais íntimo com Cristo através de um retiro de verdade, daqueles que nos levam à meditação, introspecção, onde a gente reconhece nossa condição de pecadores e com mais propriedade apelamos para a misericórdia de Deus. Se não for por um evento assim, que seja um simples resguardo das contaminações de pecado e devassidão da festa popular que mais se torna um exemplo infeliz e miserável do nosso país para outras localidades. No simples aconchego da residência, na boa convivência com a família, com o pensamento voltado para Deus e o seu ambiente Santo e Suave creiamos na pureza da alma para o encontro final.
Duvido muito que no céu há carnaval. Duvido muito que no céu há agitação, puladeira, gritaria. Duvido muito que no céu tem quem use par de chifrinhos coloridos, na cabeça. Duvido muito que no céu há pornografias, orgias e bebedeiras como no carnaval profano. Ligar o profano ao santo é, antes de corrigir aquele, contaminar este. E no fim o resultado pode ser desesperador. Que as nossas autoridades e lideranças, tanto leigas quanto religiosas, tenham a coragem de neste período quaresmal corrigir o que foi errado no período do carnaval. (Odair Roberto)

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